Nos últimos anos, temas como diversidade, meio ambiente, equidade de gênero e inclusão ganharam espaço no vocabulário das marcas, incluindo os maiores nomes do mundo, como Google e Meta.
Em meio a esse cenário, uma pergunta se impõe com cada vez mais força: sua empresa tem um posicionamento político coerente com sua essência ou apenas segue uma estratégia de sobrevivência comercial?
O posicionamento político se tornou parte de um jogo de visibilidade. Muitas marcas se manifestam sobre pautas sociais e progressistas como forma de se manterem relevantes nas redes. Mas é preciso entender até que ponto isso fortalece (ou enfraquece) sua presença no mercado.
Vamos entender juntos?
O que é um posicionamento político para empresas
O posicionamento político de uma marca se refere à forma como ela se coloca em relação a questões sociais, culturais, econômicas ou ambientais que têm impacto na opinião pública.
Não estamos falando apenas de campanhas eleitorais, mas também de posicionamentos sobre:
- Diversidade e representatividade racial
- Sustentabilidade
- Igualdade de gênero
- Direitos LGBTQIA+
- Acessibilidade
- Consumo consciente
- ESG (Environmental, Social and Governance)
Assumir um posicionamento político significa que a marca declara publicamente quais causas apoia e quais princípios defende. Quando feito com coerência, isso pode ser uma ferramenta poderosa. Mas, quando feito de forma oportunista ou até sem o devido conhecimento, pode causar danos graves à imagem da empresa.
Por que tantas empresas mostram posicionamentos políticos
O consumidor atual está mais exigente. Ele pesquisa antes de comprar, observa o comportamento das marcas e valoriza a transparência. Estudos indicam que uma parcela crescente do público prefere consumir de empresas alinhadas com seus valores.
Com isso, muitas marcas passaram a se posicionar sobre pautas sociais e pautas progressistas para gerar empatia, engajamento e reforçar seu branding. A presença nas redes sociais amplifica esse efeito, fazendo com que campanhas “do bem” viralizem rapidamente.
Em datas como o Mês do Orgulho, o Dia da Mulher ou o Dia da Consciência Negra, por exemplo, é comum ver um volume enorme de marcas manifestando apoio – apoio esse que é deixado de lado no restante do ano, entende?
Quando isso não se sustenta na prática, a estratégia se transforma em uma armadilha. E veja, se essas pautas não são parte do cotidiano do seu público, não há motivo para abordá-las.
Onde as marcas erram ao abordar temas políticos e sociais
- Falar de tudo para agradar a todos
Tentar acompanhar cada pauta em alta é um erro comum. O problema é que, ao tentar agradar a todos, sua marca pode perder identidade e gerar desconfiança de quem já compra e acredita em seus valores. - Falta de coerência interna
Não adianta defender diversidade na propaganda se o quadro de funcionários é homogêneo e não existem políticas internas de inclusão. O público percebe quando o discurso é vazio. Novamente, você não precisa pregar diversidade se isso não é um valor do seu público. - Buscar engajamento sem profundidade
Publicar uma arte colorida ou uma legenda sensível não é suficiente. Quando sua marca não demonstra envolvimento real com o tema, a ação se transforma em oportunismo e desagrada ambos os lados: quem compra de você e quem defende essa pauta. - Ignorar seu público real
Nem sempre o que está nos trending topics representa os valores do seu cliente fiel. Se você tenta agradar uma bolha que não compra de você, pode acabar perdendo quem realmente sustenta o seu negócio.
Quando faz sentido ter um posicionamento político
O posicionamento político deve surgir de dentro para fora. Ele é coerente quando:
- A pauta tem relação real com a cultura da empresa
- Os valores defendidos estão refletidos nas práticas internas
- Existe uma história ou envolvimento real com o tema
- A comunicação com o público é transparente e honesta
Por exemplo:
- Uma marca de cosméticos veganos se posicionar contra testes em animais é coerente.
- Uma empresa com programa de estágio voltado para pessoas negras levantar a bandeira da equidade racial também é.
Essas ações fazem sentido porque fazem parte da estrutura do negócio. Não são apenas campanhas de ocasião.
Quando o posicionamento político é uma ilusão
A ilusão do posicionamento político acontece quando:
- A marca muda de tom conforme o vento
- O discurso é guiado apenas por métricas de engajamento
- As campanhas sociais são desconectadas do produto ou serviço
Um exemplo foi o rebranding da Jaguar, que abandonou sua identidade clássica para tentar agradar um público jovem e urbano, mas perdeu o engajamento de seus consumidores tradicionais sem conquistar novos. A promessa de inclusão virou ruído na comunicação.
Por que ponderar antes de assumir um posicionamento político
Assumir um posicionamento político tem impacto direto na percepção que o público tem da sua marca, tanto positiva quanto negativa. Por isso, é essencial ponderar:
- Isso tem a ver com o que vendemos?
- Nossos colaboradores se reconhecem nesse discurso?
- Estamos prontos para sustentar essa narrativa em todas as áreas da empresa?
- Essa ação representa quem somos ou é apenas um movimento de marketing?
Um bom posicionamento leva tempo. Ele é construído com consistência, alinhamento interno e escuta ativa do público. Não é sobre “lacrar” uma vez, mas, sim, sobre sustentar uma coerência ao longo do tempo.
Marcas fortes não seguem a tendência, seguem seus valores
Se você quer construir uma marca relevante e duradoura, comece por dentro. Tenha clareza sobre o que você é, o que você vende e para quem você fala. Isso é muito mais valioso do que uma campanha viral que não representa sua realidade.
Na dúvida entre o posicionamento político e a sobrevivência comercial, busque o ponto de equilíbrio: posicione-se quando fizer sentido, com coragem, verdade e responsabilidade.
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